07 outubro 2006

18. SECURITAS

escrito no bus noturno Jo'burg-Cape Town

Pela experiência que tivemos até à data em Jo'burg (ainda lá voltaremos no final da viagem) fiquei sem opinião formada sobre o modus-vivendi daquela sociedade. Admito poder estar a ser injusto mas desconfio bastante que este alarmismo safe-not safe apresentado ao turista budget é uma realidade paralela que serve em muito quem se estabeleceu no negócio dos backpakers lodge's. Do ponto de vista empresarial é muito lucrativo ter os clientes sempre a gastar em actividades "indoors" ou em safe tours por eles organizados. É compreensível o excesso de zelo destas organizações. Se alguém "seu" se magoa a sério é mau (para o negócio?)! Mas insisto, fiquei com a impressão que a bandeira da segurança é usada também para proveito próprio.
Nas palavras de Eric (o nosso motorista e guia turistico) é safe andar de carro e not safe andar a pé. Parece-me evidente que para a classe média o carro é, um pouco, como que um colete à prova de bala, mas a classe média representa apenas uma percentagem dos oito milhões de pessoas que rodeiam Jo'burg. O grosso da população não tem carro e por lá anda...
Enquanto esperávamos o bus na Park Station, um dos perímetros seguros, encontrava-me às portas da zona off limits e, olhando o movimento da cidade, pensava: "se isto fosse um jogo de computador, eu jogava. Aposto que conseguia dar uma volta ao quarteirão incólume". Não o fiz, não fosse dar game over.

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