23. Bottomless
O nosso Portugal é brindado, concordamos todos, com uma diversidade particularmente bem arrumada num tão pequenino rectângulo. Se nos deslocarmos sobre rodas, a monotonia da paisagem não durará mais do que um par de horas (e mesmo assim ou será porque estão a bordo do UMM ou a enjoar numas curvinhas das antigas).
A noção da existência de um Limite é coisa sempre presente numa viagem pelas EN Portuguesas. Sempre que a paisagem muda, sempre que se quebra a monotonia mesmo que seja para de seguida começar outra, apreendemos um Limite.
Os quase 1500 km, as mais de 20 horas de bus, que separam a Cidade do Cabo de Windhoek conseguem imprimir no nosso corpo a dimensão brutal da paisagem do Noroeste Sul Africano.
Depois de sairmos da paisagem urbana da Cidade do Cabo, respirámos ar português ao atravessar umas encostas de rochas e arbustos tal Serra da Estrela, por altura da sua Primavera. Esclareço que não gosto de comparar o que vejo como que outrora vi. Aliás, é raro que consiga encontrar essas familiaridades porque, à partida, nem me presto a isso. Assim sendo entendam esta associação como algo deveras forte. (até acho que tenho em Lisboa uma capa de um guia que é tal-e-qual). Seguiram-se campo de árvores de cultivo, vinhas, abriram-se campos de ervas altas penteadas, até que subimos, atravessámos uma rocha dura e descemos. A mão humana foi chegando cada vez menos para aqueles lados. Cultivos e cidades rarefizeram-se e a areia começou a espreitar à berma. Ponderando, reparo que já me senti assim perdida noutras paisagens, mas mais do que esta monotonia impressiona-me a falta de um limite, de um fim.
Agora há amontoados de calhaus cúbicos. Na sua base pontuam-se vários redondos: uns de arbustos verdes, outros de plantas lilases, outros de calhaus, outros de formigueiros gigantes. Há horas que vejo estes amontoados de calhaus cúbicos. Olho para o fundo desta paisagem, mas não o encontro.
O sol põe-se. O escuro traz-me o fim a isto. Vou mas é ver se durmo.
paisagens sem fundo
A noção da existência de um Limite é coisa sempre presente numa viagem pelas EN Portuguesas. Sempre que a paisagem muda, sempre que se quebra a monotonia mesmo que seja para de seguida começar outra, apreendemos um Limite.
Os quase 1500 km, as mais de 20 horas de bus, que separam a Cidade do Cabo de Windhoek conseguem imprimir no nosso corpo a dimensão brutal da paisagem do Noroeste Sul Africano.
Depois de sairmos da paisagem urbana da Cidade do Cabo, respirámos ar português ao atravessar umas encostas de rochas e arbustos tal Serra da Estrela, por altura da sua Primavera. Esclareço que não gosto de comparar o que vejo como que outrora vi. Aliás, é raro que consiga encontrar essas familiaridades porque, à partida, nem me presto a isso. Assim sendo entendam esta associação como algo deveras forte. (até acho que tenho em Lisboa uma capa de um guia que é tal-e-qual). Seguiram-se campo de árvores de cultivo, vinhas, abriram-se campos de ervas altas penteadas, até que subimos, atravessámos uma rocha dura e descemos. A mão humana foi chegando cada vez menos para aqueles lados. Cultivos e cidades rarefizeram-se e a areia começou a espreitar à berma. Ponderando, reparo que já me senti assim perdida noutras paisagens, mas mais do que esta monotonia impressiona-me a falta de um limite, de um fim.
Agora há amontoados de calhaus cúbicos. Na sua base pontuam-se vários redondos: uns de arbustos verdes, outros de plantas lilases, outros de calhaus, outros de formigueiros gigantes. Há horas que vejo estes amontoados de calhaus cúbicos. Olho para o fundo desta paisagem, mas não o encontro.
O sol põe-se. O escuro traz-me o fim a isto. Vou mas é ver se durmo.
paisagens sem fundo
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