21. Boa Esperanca
como novidade neste paradoxal fora do mapa apresentamos um mapa-vivo!
Domingo: chegada à Cidade do Cabo. Pelo que dela tantos dizem, pela proximidade do Cabo das Tormentas, pela viagem que aqui nos trouxe que incluiu a experiência única de termos atravessado o interior de uma trovoada, só podíamos ter chegado a uma cidade ímpar. Mas... mas pelo simples facto de isso ter acontecido às oito da manhã de um domingo, ficámos a conhecer uma cidade fantasma, escura pelas nuvens que choviam e pouco amável, que ainda dormia na ressaca de uma noite de copos.
Depois de pousadas as bagagens no hotel, os primeiros metros que fizemos a pé chegaram a ser e até assustadores quando, à beira de atravessarmos uma passadeira, uma mulher nos sussurrou you shouldn't be on this part of the city.
Um pouco atarantados acabámos por ir ter à Water Front onde afinal estavam todos os turistas da cidade. Duas docas, uma da Vitória e outra do Alfredo, barcos em desfile (um de bandeira portuguesa), leões marinhos a passear, dois grandes centros comerciais, um jogo de futebol à besta, uma torre de horas, comidas e vendas de artesanato. Muita gente!
O que mais me impressiona nesta cidade é a forma como o tapete de casas, ruas e vias foi pousar entalado nesta geografia tão decidida. A montanha Mesa (1087m) e os Doze Apóstolos chegam às nuvens em encostas íngremes onde as casas não se conseguem implantar. O Atlântico delimita o espaço à volta destas elevações, deixando livre um pouco de terra plana. E é em cada pedacinho desse entremeio que se estacam casas e ruas e vive gente preta e branca, tão preta quanto os nativos que cá estavam e tão branca quanto os holandeses que cá chegaram.
À noite, a Long Street, onde fica o nosso hotel, ressuscitou e encheu-se de vida. Pelas gigantes montras de um bar pudemos ver o jogo do Porto contra uns vermelhos.
Segunda-feira: o Cabo da Boa Esperança está a 60 km da Cidade do Cabo. Não há como não ir ver o mar que os portugueses desbravaram.
Fizemos contas a preços e a coragens e alugámos um carro (aqui conduz-se pela esquerda - por isso tivemos de avaliar o custo a que nos ficava esta preocupação)!
Estivemos o dia a explorar a península que termina no Cabo da Boa Esperança. Seguimos pela costa Ocidental, chegámos ao Cabo e regressámos pelo lado Este, sobre a Baía Falsa.
Caminhámos pela praia onde estalam as violentas ondas deste irreconhecível Atlântico, até chegarmos ao resto do navio Thomas T. Tucker. Fomos ao Cabo e dissemos que nunca tínhamos visto um mar assim tão bruto. Vimos babuínos, avestruzes, antílopes, tartarugas, galinholas e muitas aves, vimos turistas e vimos surfistas.
Ainda nas pacatas vias do National Park Cape of Godd Hope, já ao fim do dia e cansados, conduzíamos há uns segundos em pleno relax e num silêncio de introspecção quando ao surgir de uma curva demos com um maluco que vinha em contra-mão, de frente para nós, como se... ai! ai! vai para a esquerda, vai para a nossa mão! Mas ainda agora me rio: o que raio terá ficado a pensar o condutor da Hiace?
na península do Cabo da Boa Esperança, senhora gaivota;
tomando fôlego para o ex-Cabo das Tormentas, navio atormentado, senhora tartaruga
1 comentário(s):
Que espectaculo q deve ter sido esse dia..alugar um carro na Cidade do Cabo e deambular pelas praias e o mar bravo seria, para mim, um dia perfeito
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