11 outubro 2006

24. Desde Vindúque


Chegada a Windhoek, capital da Namíbia, no bus das seis e meia que não atrasou para infelicidade dos que, como eu, dormiam - ou qualquer coisa parecida com isso.
Fora, na rua, sentia-se um calor diferente. (será possível que tenha sido um calor fresco? Afinal estamos a 1660m de altitude) Diz-se que Windhoek (pronuncie-se Vindúque, adicione-se sotaque anglo-germânico q.b) quer dizer "esquina ventosa". À frente dos olhos apontados para ocidente está uma linha montanhosa enrugada contínua. Atrás, para nascente, montes. Por todo o lado lilases de jacarandás e rosas de buganvílias. E sobre isto umas nuvens, que se adensaram durante o dia, que rugiram lá para as quatro e se largaram em prantos pelas seis (excepção devidamente feita aos 12 minutos que demorámos a pé, desde o Pick and Pay até à nossa casa!).

Estamos alojados no Rivendell Guest House, uma casa de hóspedes bem acima daquilo a que nos temos habituado aqui, e também noutras viagens. Partilhamos o quarto pelos três, a casa de banho fica ali mesmo à frente, com o duche separado da sanita. Temos acesso a uma cozinha mais limpa que a média das cozinhas que conheço. E o preço não é nada por aí além. Pagamos 250 Dólares Namibianos a dividir por 3, o que me parece dar qualquer coisa como 9 euros cada (ai, espero ter feito bem as contas...). Curioso é ainda o facto de aceitarem aqui Rands (a moeda Sul Africana, e que nos sobrou tanta que até nos salta dos bolsos) como se de Dólares locais se tratasse. O câmbio é praticamente de 1 para 1 ou seja, tanto faz que moeda entregamos, recebemos sempre o troco na moeda local.

Depois de um merecido descanso e de encetados os preparativos que alimentarão os nossos próximos dias, lançamo-nos a caminhar pela cidade. Windhoek é-me estranha como qualquer cidade que à data de hoje esteja ainda a gozar a sua plena infância. Não temos cidades-teens aí pelo nosso jardim (lembro-me agora da Aldeia da Luz, mas uma aldeia não é cidade nem uma capital). Esta tem pouco mais de cem anos e estabeleceu-se como a capital administrativa da África Sudoeste Germânica. Tem um centro com avenidas todas elas largas, alguns prédios altos espelhados, outros térreos e chãos; salteiam-se lotes vazios aguardando construção para breve, entre outros, já ocupados, mas ainda à espera de que lhes dêem os últimos retoques; e pelo meio há pontuais composições de edifícios+espaço público já terminadas, todas elegantes, com vasos de terra arenosa onde se plantam cactos grossos . Gentes de todas as cores e tamanhos; casas que falam alemão, outras africáns, outros dialectos locais. Indiscutivelmente universal é a forma como se apresentam os táxis, quer a possíveis passageiros quer entre si mesmo. Curtos mas diversificados pis, pii, pi, pi-pi, piio dão música a quem passa como se fossemos todos conhecidos do táxi.

Joannesbrug tem 8 milhões habitantes, a Cidade do Cabo 2,6 milhões e Windhoek 240 mil. Ainda assim, recebemos aviso para não andar na rua à noite nem exibir grandes máquinas. Algumas casas de cá estão assinaladas com o tal "Armed Response", mas consigo, e gosto de pensar, que o fazem por uma questão de moda.



Windhoek e as tempestades do entardecer

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