25 outubro 2006

35. Calor

Pois é, ele ameaçava, fazia-se sentir quando as nuvens se afastavam, e deixava-se adivinhar pela sombra curta do meio dia solar. Estamos em Livingstone, na Zâmbia, e o calor anda a derreter-nos a cada passo. Não temos nem acedemos a nenhum termómetro mas isto aqui está de fritar ovos. Nunca as águas frescas e as coca-colas tiveram direito a uma tão grande fatia do nosso orçamento em viagem. Nunca senti os objectos que uso no dia-a-dia tão quentes: ontem ao sair do duche vesti uma t-shirt que parecia ter acabado de sair do aquecimento; hoje a água da garrafa estava mais quente que chá, e quando saí do mini bus tinha as calças molhadas atrás, até ao joelho, e não era xixi! Com o passar dos dias a coisa promete agravar-se.

Chegámos a Livingstone, ontem, depois de uma passagem fácil pela fronteira onde pudemos adquirir directamente o visto de entrada por 25 US Dólares (sem direito a recibo e a vermos o funcionário a pôr, literalmente, no bolso a nota de 50 US$). No passaporte ganhámos um carimbo que não se consegue identificar de onde provém.
Estamos aqui apenas de passagem para atingirmos Moçambique. Ganhámos medo ao Zimbabué e assim gerimos o nosso trajecto para passar quase 3 semanas em Moçambique começando pelo norte e na esperança de termos tempos para ir descendo até Maputo. À medida que avançamos no mapa as etapas definem-se.
Amanhã, quinta-feira, em mais um bus madrugador (nem queiram saber a que horas o Quico me obriga a acordar desta vez) iremos até Lusaka (capital) de onde arrancaremos assim que possível para o Malawi, seja directamente para Lilongwe (capital) seja para Lilongwe por etapas (primeiro Chipata e depois Lilongwe). Uma vez em Lilongwe rumamos para a margem do lago Malawi (ou Niassa se falarmos da metade Moçambicana deste lago) onde passa duas vezes por semana um ferry que nos pode deixar do outro lado, junto a Metangula ou Cobué, fronteiras com Moçambique. Se estes planos forem avante, sábado ou segunda feira estaremos a apanhar o ferry-boat.
Entretanto não se apoquentem porque assim em trânsito ser-nos-à difícil arranjar tempo para vir ao blog. Continuaremos com a mesma estratégia de ir escrevendo posts sempre que nos apetecer, publicando-os logo que for possível. E infelizmente, continuamos também sem conseguir publicar fotos. Não percebemos o que se passa, por vezes o blog até consegue fazer o upload do ficheiro, aparece "done" mas não fica registado nenhum link no post... dicas? Serão bem-vindas. Ficam-vos apresentados os nossos planos.

Hoje fomos espreitar o lado Este das Cataratas Vitória! Uma holandesa que tomou o mesmo bus que de Windhoek nos levou para Caprivi ordenou (one place you should NOT go) que não fossemos visitar as Falls porque there is literally no water there these days. Pois, não cumprimos a tua ordem, as Cataratas Vitória não ficam propriamente no nosso caminho de todos os dias para o emprego. Íamos portanto à espera de ver um canyon seco assim fomos surpreendidos com o barulho cavernoso, que só a natureza faz, e com os brutais jactos de água que se atiravam lá para baixo. De facto vimos fotos e postais daquelas paredes de basalto fechadas por espessas cortinas de água depois de hoje termos andado na sua parte superior a saltitar entre os ribeiros e a molhar os pés em pocinhas do rio Zambeze. - Ok Holandesa, não tínhamos as cortinas, mas vimos a espessura de 100 metros da superfície da Terra nas paredes de rocha preta, riscadas, com a água das cascatas a bater chapadas nelas.
Para o lado Oeste, já no Zimbabué, adivinha-se a maior das quedas de água através de uma bola de fumo que se avista por vezes 32 quilómetros de distância (não sei se é informação de confiança, os prospecto informativos contrariam-se). O nome Europeu "Cataratas Vitória", pelo qual é conhecida esta que é uma das 7 Maravilhas do Mundo, foi atribuido pelo explorador Dr. David Livingstone que em 1855 terá sido o pirmeiro homem branco a ver as Cataratas e a lembrar-se da sua rainha. Este nome substituiu o nome original e bem mais propositado Mosi-oa-Tunya, que significa "o fumo que ressoa". (que mania esta a dos povos conquistadores em se sobreporem aos locais, e com que força e com que prevalência o conseguem fazer!).




Contra o calor: refrescos gelados; Livingstone estátua; Livingstone rua; as paredes rochosas das cataratas Vitória; contra o calor: pés molhados; o babuíno que nos quis gamar o saco do almoço

4 comentário(s):

Anonymous Anónimo disse...

Estao em forma, caramba! Continuacao de boa viagem!
Abracos com cedilha da Costa Rica!

6:30 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Pois é isto das coisas não ficarem registadas parece feitiço.... África tem destas coisas. Tb já publiquei alguns comentários que depois não consigo encontrar.

Espero que continuem bem e que aproveitem ao máximo esta aventura.

Um abraço e beijinhos
Mário, Nilde e Sofia

6:31 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

olaaaa

E com Moçambique como próximo destino desejamos a continuação de uma excelente viagem.

Por cá, entre chuvas intensas e sol a rondar os 30º, está tudo bem!!!

O Sporting embora tenha empatado a 3 golos foi um jogo espetacular, pelo que ouvi dizer, hehe!

beijinhos abraços e um copito de vinho tinto em homenagem às vossas histórias!!

Y e Rui

3:48 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Olá,
Palpita-me que esta viagem tem sido mais atribulada do que as outras.
Pelo que estou vendo, as Áfricas por onde os portugas andaram ainda terão ficado mais simpáticas que as de anglos e saxões?
Se entrarem em Moçambique por Metangula, fotografem bem o local!, assim como Pemba, Memba, o Moussuril, a Beira ou outros lugares por onde andaram os antepassados do Quico a fazerem pela vida...
Beijinhos,
G. e J.

6:09 da tarde